Paróquia de Santo Antão em Catarroja fica seca nas enchentes da Valência: milagre atribuído a Padre Pio

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Paróquia de Santo Antão em Catarroja fica seca nas enchentes da Valência: milagre atribuído a Padre Pio

Um milagre no meio da tragédia

Quando as chuvas torrenciais atingiram a comunidade de Catarroja nos dias 28 e 29 de outubro, a maioria das ruas acabou transformada em rios de lama. Casas foram arrastadas, veículos submersos e, segundo o relatório da Defesa Civil, mais de 200 famílias ficaram desalojadas. Entretanto, um ponto de luz surgia no caos: a Paróquia de Santo Antão de Padua permanecia totalmente seca.

A reportagem de testemunhas locais, como a moradora Blanca Yanta, mostrou imagens chocantes — calçadas cobertas de lodo, fachadas de lojas despedaçadas — mas, no centro da cena, o vitral da igreja não tinha sequer uma gota de água. "A água não tocou o vidro. Nem um pingo entrou aqui", descreveu Blanca, que gravou o que chamou de "oásis de paz" em meio à destruição.

O responsável pela paróquia, padre Fran Martínez, explicou que, poucos dias antes da catástrofe, a comunidade recebeu uma relíquia rara: um frasco contendo sangue de Padre Pio, trazido de uma peregrinação a Medjugorje por devotos da região. Segundo ele, a presença da relíquia foi acompanhada de preces intensas pedindo proteção para os moradores, e a manutenção da igreja seca seria uma resposta divina.

Reações, fé e impactos na comunidade

Reações, fé e impactos na comunidade

Enquanto outras igrejas da área — Nossa Senhora da Graça, em La Torre, e São Jorge, em Paiporta — sofreram danos graves, com água chegando a cinco metros de altura, o padre Salvador Pastor e o padre Gustavo Riveiro relataram cenas de desespero: portas desabadas, imagens sacras sujas de lama, até um crucifixo que parecia carregar a tristeza das centenas de vítimas.

O evento desencadeou uma onda de apoio e curiosidade. Voluntários de diferentes cidades se organizaram para limpar as áreas mais afetadas, e a própria realeza espanhola, o rei Felipe VI e a rainha Letizia, visitaram as zonas inundadas. A rainha, visivelmente emocionada, chorou ao conversar com as famílias que perderam entes queridos, reforçando a dimensão humana da tragédia.

Para os fiéis de Catarroja, o fato de a igreja permanecer intacta foi mais que um alívio físico; transformou‑se em um sinal de esperança. Muitas famílias relataram sentir uma presença reconfortante ao entrar no templo, como se uma força invisível os estivesse protegendo. O padre Martínez descreve o local como "uma arca na enchente", um ponto de referência que trouxe conforto espiritual ao povo devastado.

Especialistas em meteorologia descartam explicações técnicas como elevações de terreno ou barreiras artificiais; eles apontam que a sede da igreja está levemente mais alta que as casas ao redor, mas admitem que a coincidência da data — poucas semanas após a chegada da relíquia — fez o episódio ganhar um tom milagroso.

Além do impacto imediato, o caso já está sendo estudado por teólogos e estudiosos de religiosidade popular. Alguns argumentam que a narrativa se encaixa em um padrão histórico de aparições e intervenções divinas associadas a relíquias, reforçando o papel dos objetos sagrados como catalisadores de fé em momentos de crise.

Independentemente das interpretações, a Paróquia de Santo Antão continua a receber visitantes que buscam consolo e respostas. O fenômeno, ainda recente, já entrou nos corredores da imprensa local e nacional, consolidando-se como um ponto de referência da resistência espiritual frente à devastação das enchentes da Valência.